terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A viagem parte três

3

A viagem



Peço vênia ao leitor para digressionar sobre minha viagem contando do meu ponto de vista, que era o interior do ônibus. Ou seja, de onde eu estava olhando. O ar condicionado deixava o ambiente frio não gelado, mas que necessitava de um cobertor. Casinhas, caminhos, animais, cercas e árvores, uma paisagem de tristeza pela desolação e ao mesmo tempo de alegria por está indo ao encontro dos meus... Tudo passava veloz deixando-me em transe, pois já não estava mais ali me transportei a uma outra época em que vivi um mundo de muitas alegrias. Como é bom pensar, viver o que se imagina ser o melhor para si e é só através dos pensamentos que podemos realizar essa façanha. E o carro não para, continua suas curvas sinuosas e o sol faiscante iluminando as casas velhas que ficam em minha retina esperando um futuro resgate.

E ela estava lá, eu não via mais nada pela janela do ônibus a não ser ela... Em minha frente com seu lindo sorriso de dentes brilhantes. Aqueles olhos grandes e dentes brancos estiveram sempre presentes em minha lembrança. Seriam essas as características que eu a identificaria em qualquer lugar que a encontrasse. Não sei se era observado pelos passageiros do ônibus, na verdade nem mesmo sabia que estava de viagem dentro de um ônibus para o ceará. O que sei é que fui com ela até que morfeu lembrasse de mim, e me levasse em seus braços para dormir o sono dos justos. Ainda era a mesma não sofrera as intempéries do tempo, sua imagem fora congelada como no retrato de Dorian Gray. Deixei de olhar pela janela, e fechei meus olhos, e entre meio sonolento e acordado, sonhei... Não queria estar totalmente dormindo, pois assim seria só um sonho, queria também estar acordado para sentir a verdadeira emoção dela em meus braços.

Ah! Quanto tempo não a via, e porque não sonhar um pouco, não é mesmo? Iniciei um suposto diálogo com ela, meu rosto coberto, caso eu fizesse qualquer movimento ninguém perceberia.

Mas mesmo sonhando sou tímido.

- Você continua a mesma, não mudou nada...

-Você também, continua o mesmo...Dizia isso entre o riso e a compenetração de seus olhos. Procurava sempre algum meio de me agradar, sabia da minha paixão por ela e não queria me magoar e amava mais o meu amor, do que o que sentia por mim. Eu sabia, mas guardava em segredo essa descoberta.

Nosso encontro era quase sempre na escola antes ou depois da entrada, e durante a aula também. Mas, durante a aula o namoro era diferente, diria mais emocionante! Já que ela estudava na mesma sala e sentava ao meu lado, veja que tentação! Estou sempre sendo tentado.Todos da sala sabiam do nosso namoro, inclusive os professores mas, eu imaginava que nosso romance era secreto, por ser ela uma mulher comprometida, não podia assumir publicamente seu romance comigo. A melhor aula para mim era matemática. Como detestava a matéria, reservava essa aula para flertarmos, que maravlha de aula, como é maravilhoso flertar! É um jogo de sedução inocente, mas não inconsciente em que o corpo procura se expressar. Os jovens de hoje precisam conhecer melhor essa arte de seduzir.



Ainda não acabou, a viagem é longa mas vou procurar torna-la mais atrativa.



Francisco Gonçalves de Oliveira

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