Educação

Na escola educação abunda


Quando eu escrevia para ser publicado em jornais, nunca fiquei sabendo quem e quantos liam meus artigos. Mas isso não era problema para mim, já que o que escrevia era apenas desabafo. Um desabafo, como diria Ferreira Gullar, público. Confesso que a vaidade de ver publicado meus solilóquios, muito me envaidecia, mas o que move alguém a escrever não é tanto a vaidade e sim o desejo de expor aquilo que fica entalado na garganta do escritor.
Já me pediram para que eu escrevesse sobre determinado assunto, mas não consigo escrever dessa forma. Minhas publicações são frutos da indignação diante do que vejo e vivo, seja fatos tristes, alegres ou sérios. Assis Chateaubriand fazia muito bem esse trabalho,escrever por encomenda, mas também ele era um profissional da area de comunicações, e muitíssimo competente por sinal.Certa vez pediram-lhe que escrevesse sobre Jesus Cristo, e ele perguntou:
-Bem ou mal; Contra ou a favor. Ou seja um verdadeiro profissional das letras.
Um dia uma colega me perguntou porque eu não escrevia sobre meu trabalho, e eu lhe respondí:
-Eu não escrevo porque o que há de melhor para escrever sobre meu trabalho é aético tornar público.
Mas que os acontecimentos eram todos escritos sim. Escrevo tudo que presencio, mas nem tudo eu torno público. Também não garanto que nunca os publicarei. Aguardo apenas o momento certo para publicá-los. Acho que deve ser por isso que a maioria dos escritores escrevem melhor depois dos 50 ou 60 anos, que é quando todos seus amigos já se foram.É a fase em que o terreno encontra-se livre para falar de suas intimidades, pois se vivos estivessem pediriam-lhe algun tipo de retratação.
Mesmo assim é complicado. Raquel de Queirós ao falar de sua relação de amizade com o escritor Mário de Andrade, Revelou que Mário sofria muito por ser um homossexual não assumido.Arrependeu-se de ter revelado isso, mas já era tarde, tinha publicado. Está lá, mas é como se não estivesse, declarou ela certa vez em uma entrevista
E parafraseando ela eu vos digo:
- Em verdade não era bem isso que eu queria escrever,mas escreví. Tá escrito e publicado, não posso mais despublicar.

Francisco gonçalves de Oliveira