terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Alto estima

22/6/2008
Alto Estima

Alto estima



Domingo saí para um passeio a pé. Fui até um Shoping aqui perto de casa. Não estava me sentindo bem, como pessoa, um baixo astral pairava sobre o meu corpo, tornando-me um ser menor. Entrei no Shopping e lá havia uma exposição sobre Lampião e Maria bonita. Como nordestino fui atraído pelo acontecimento.Me Aproximei da exposição e fui aos pouco entrando naquele mundo selvagem em que muitas vezes presenciei in loco. A cada objeto que via sobre a vida de Lampião me sentia mais feliz, satisfeito, mais próximo de mim mesmo, porque era como se fosse eu quem estava ali. A cada objeto que via eu ia me descobrindo. Aquela iconografia nordestina transportava-me para um mundo distante do ambiente em que eu estava. Olhava uma pequena cabaça cortada ao meio e via mulheres enchendo-as de pequenas pedrinhas para depois de algum tempo, limpá-las e carregarem água das cacimbas. E as via em seus passos firmes e de cabeças erguidas em direção a suas choupanas. A agua das cacimbas, era minguada, isso é verdade, mas é verdade também que era límpida e cristalina.

A forma como os objetos estavam expostos davam um ar de nobreza. Pensei como é fácil produzir arte, basta você apresentar alguma coisa como sendo arte, conceituá-la como tal, dá um arranjo especial a ela, para que o objeto adquira um aspecto diferenciado, artístico. Quando digo que é tudo, é tudo mesmo! Meu amigo e minha amiga, responda-me sem pudor, você já observou suas fezes?

Não! Então deveria começar a fazer. Provavelmente no inicio sua reação será de repugnância.

Mas, depois você vai notar que suas fezes têm cor, o formato nem sempre é o mesmo, e o odor também varia. Saberá também como seu intestino funciona: Se uma, duas ou três vezes ao dia.

Mas porque relacionar Lampião e Maria bonita com fezes? É que nessa exposição omitiram as fezes. E todo nordestino sabe que fezes de gado conhecido como esterco, são muito utilizadas no sertão nordestino, para debelar muriçocas e adubar a terra. Será que exposta em um shopping ficaria mal? Não acho, pois tudo depende da conceitualização.

Ao chegar em casa feliz da vida por ter me encontrado liguei a TV em “A Favorita” novela da Rede globo, e a cena que se passava era do Dep. Romildo Rosa, personagem do Milton Gonçalves, lamentando a mancada do Diduzinho candidato imposto por ele a prefeito de Triunfo. O assessor do Diduzinho tentando transformar o incidente em algo positivo para sua campanha, propôs que transformasse a queda do Diduzinho, de cima do palanque, por estar completamente bébado, em metáfora para falar da miséria do povo de Triunfo.

- Suas palavras são capazes de adubar a terra! Disse o corrupto deputado, Romildo Rosa, e experiente na arte de enganar o povo.



Francisco Gonçalves de Oliveira

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