Bandeira Nacional
Abafa!!!!
Estava em um enterro e a bandeira do Brasil cobria o caixão e nem sei por que cargas d'água após a dobrarem em um gesto solene, entregaram-me.
Fiquei toda orgulhosa e saí do cemitério como se tivessem depositado em meus braços uma parte do tesouro nacional.
Estava dobradinha tão linda mas eu, muito curiosa, ao chegar em casa não resisti e abri a bandeira. Qual foi meu espanto quando notei que ela tinha uma mancha de sangue.
Quase chorei. Como hastear uma bandeira nacional manchada????
Não tive dúvidas. Sou boa em tirar manchas de sangue com água oxigenada: tirei a nódoa, mas ficou mais claro o lugar dela e foi assim que coloquei na máquina de lavar.
Quando tirei da máquina vi que as cores tinham manchado umas nas outras. Passei à ferro a toalha e ela ficou um pouco mole e decidi engomar.
Quando não consegui dobrar direito telefonei para um amigo que é militar.
Após contar o sucedido ele gritou no telefone: - Ta brincando?
- Tô não, respondi baixinho, como que com medo.
- Ta ferrada, é crime! A bandeira nacional é um dos símbolos da Pátria, que é nossa Mãe!
Disse comigo mesma: - Aí Jesuis, lavei a mãe de todos os brasileiros? Será que encontro passagem para Portugal ainda hoje?
- Vou falar com meu comandante e ver o que se pode fazer, disse meu amigo, com o intuito de ajudar.
Desesperada, fui mentalmente vendo as providências a serem tomadas e em contratar um bom advogado.
Ao sair de casa, notei que o porteiro olhou-me de maneira estranha e fiquei gelada.
- Será que ele já sabe que lavei a mãe dele?
Procurei na bolsa os óculos escuros para disfarçar. Acho melhor sair disfarçada mesmo.
Voltei para casa e coloquei a peruca que havia comprado juntamente com um boné, em Porto Seguro.
Ufa, assim eu não corro tanto risco, afinal poucos irão me reconhecer.
No serviço, o meu chefe ao me ver fez a maior cara de assustado e caiu na gargalhada, perguntando-me o motivo.
Respondi que estava assumindo um "new look" e se era proibido. Mas fiquei morta de medo que ele viesse, a saber, o motivo real do disfarce.
Ele apenas disse: - Cada doido com a sua mania.
Como não tinha tirado os óculos escuros e estava com a imensa peruca preta, toda encaracolada, muitos, à boca miúda diziam que eu tinha vindo diretamente de uma festa à fantasia e chegaram até me oferecer um remédio contra ressaca, o que recusei.
Fiquei o tempo todo fingindo que estava trabalhando e fiquei morrendo de medo que alguém ficasse sabendo e comentando que eu tinha lavado a mãe deles e a cada pessoa que entrava na sala eu ficava tremula, com medo que viesse me prender.
Nem sai para tomar água, café e passei a maior vontade de ir ao banheiro. Comecei a bolar um plano de fuga, caso o pior viesse a acontecer. Se entrasse alguém com cara de milico ou mesmo com terno e óculos escuros, tipo polícia federal, eu saltaria pela janela e iria correndo até o estacionamento.
Oh raios! Nada da mulher da agência de turismo dizer se tinha lugar no vôo da TAP para a noite.
Fui me angustiando cada vez mais e atacou uma baita diarréia.
Cansei de telefonar no celular do meu amigo militar e dar caixa postal.
Fiquei só na sala e eis que ouço a voz do diretor no corredor. Gelei. Ele não tem o hábito de estar nesse horário, só se for para ver um dos seus funcionários ir preso.
Na tive dúvida, corri e me meti dentro do arquivo e no que estava escondidinha, o celular no meu bolso toca. Maior susto.
Era o meu amigo informando que o Comandante da Escola Preparatória do Exército estava me convidando para assistir o incineramento das bandeiras que não podem mais estar em uso, em uma solenidade que é todos os anos acontece no Dia da Bandeira.
E foi assim que aprendi que não se pode lavar as bandeiras nacionais e que não se deve sair usando perucas, pois os amigos nunca mais se esquecem...
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
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