21/11/2009
As Baratas
As mulheres e as baratas
Eram duas ameaçadoras baratas. Não muito grandes, nem muito pequenas, eram duas medianas baratas, mas ameaçavam uma linda e frágil mulher, e homem que se preze não aceita em hipótese alguma que uma mulher seja ameaçada, se isso é machismo eu não sei. O fato é que fui designado para por fim aquelas terríveis criaturas que ameaçavam uma linda e indefesa mulher. As baratinhas ameaçadoras ainda não tinham adquirido o aspecto completo de uma barata. Para ter certeza que elas eram realmente baratas, tive que fazer uma rápida investigação, com um olhar de soslaio... Constatado que estava realmente diante de duas baratas e que tais animais não se encontravam ali para serem examinadas e sim, para uma luta, contive-me para não rir, pois a cena era hilariante! Duas baratas que nem ainda haviam conquistado seu direito de baratatear por lugares nunca dantes navegados, querendo enfrentar um homem forte e destemido, e que não costuma fugir de briga.
Haviam saído de dentro de uma caixa, em que estavam camufladas, não eram daquelas amarelas que provocam ainda mais medo às mulheres, eram baratas adolescentes e incompreensíveis, como é todo adolescente. Tive que dar algumas batidas no fundo da caixa para que elas pudessem precipitar-se para o solo. O fato de minha presença nessa história não te sido agradável, foi eu ter retirado-as de seus esconderijos. Essa minha suspeita logo me foi confirmada, pela forma como as duas me encararam. De antenas inclinadas para frente, as duas me desafiavam. Vendo aquelas criaturas prontas para o ataque, e não encontrando alternativa a não ser enfrentar as terríveis criaturas kafkanianas, posicionei-me esperando o ataque.
A maior, provavelmente a mais velha, estava um pouco à frente da menor. Notei que Elas não ficavam lado a lado, a menor, sempre facilitando, para que a maior assumisse a linha de frente em posição de ataque, seria ela a comandante dessa luta... Não sei. Talvez isso fosse uma forma de proteger sua irmãzinha ou sua fêmea, Esses detalhes deram-me base para deduzir que elas não tinham experiências de guerra, pois em uma guerra sempre o mais fraco, ou seja, o soldado é o primeiro a ser abatido. A elite militar fica no comando age mais nos bastidores, só assumindo a linha de frente quando em extrema necessidade, como ocorre em uma partida de xadrez, e acredito que no mundo das baratas a barata mor, deve ser mesmo mor barato! Tal atitude as desfavoreciam, embora isso não tenha a menor importância já que aquele conflito fora criado por uma situação muito peculiar, ou seja, o medo ou nojo, que as mulheres sentem desse animal. Particularmente Não vejo nenhuma ameaça a humanidade, através das baratas, mesmo elas sendo super resistentes a uma guerra nuclear. Mas o fato é que as mulheres fogem delas como o diabo foge da cruz! Quanto à entomofobia das mulheres é bom que nós, os homens nos preparemos para enfrentar o rigoroso verão e suas ameaçadoras baratas. Enquanto houver verdadeiros “gentleman” na face da terra, nossas indefesas mulheres estarão salvas desses monstros! Pois nos dias atuais homem que não matar baratas fica fora da competição. Porém se você não se inclui nessa categoria de homens não se preocupe, pois até o grande lutador de Artes Marciais Bruce Lee era entomófobo.
Vamos ao desfecho da história:
A barata número um, a maior de antenas inclinadas, veio em minha direção e desferiu-me um golpe possante, uma legítima voadora chinesa, tentando atingir-me no rosto. Mas, com a velocidade de um raio desviei-me da sanha assassina de minha adversária, com uma só tapa. Ao ver aquele animal ferido e caído ao chão, não tive dúvidas em liquidá-lo com o pé, temendo sofrer um novo ataque. Restou apenas a última, indefesa e frágil criatura das trevas para dar prosseguimento àquela obscura batalha entre um homem e um inseto. Primeiro quero confessar aqui que sou avesso a matar qualquer tipo de animal O que me coloca em situação delicada diante das mulheres, e a morte daquele pequeno animal provocada por mim deixou-me deveras triste, naquele momento eu já não era mais o mesmo, triste e abatido sentimentalmente, olhei para aquele pequeno combatente, procurando encontrar algum sinal de clemência, para por fim aquela batalha. Quem sabe uma incrível renúncia daquela linda mulher em acabar com a vida das baratas... Tudo é possível! Mas, fiquei feliz, ao constatar claramente, o que já esperava, que ela se rendesse para consagrar-lhe a vitória. Quão foi minha surpresa Quando vi duas pequenas manchas brancas em volta de seus pequeninos olhos, que para mim, eram como se fossem duas cristalinas lágrimas sentidas de dor e tristeza, a pedir socorro e poder sair viva dessa quixotesca batalha. Será que um dia teremos paz entre homens, mulheres e baratas...
Francisco Gonçalves de Oliveira
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
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