terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Crônica

O santo e o palavrão

Carlos Heitor Cony



Nada como o palavrão para expressar um sentimento. Martelada no dedo e desabafo de Lula pedem palavras fortes e bastantes que definem e explicam uma situação. Temos a história verídica ocorrida com o cura d’Ars, santo pouco popular entre leigos. Era um padre muito burro, não conseguiu terminar os estudos. A guerra franco-prussiana obrigava os bispos da França a aceitar o primeiro que topasse ser padre.

Ordenado, despacharam o cura d’Ars obviamente para Ars, onde se tornou cura. Era o pior lugar do universo. Todos viviam em fornicação e impiedade. Com paciência, ele foi convertendo pecadores e logo se espalhou a fama de sua santidade. Começou então a sua luta contra o demônio. Satanás, em pessoa, ia todas as noites aporrinhar o santo, urinava em sua comida, sujava suas roupas, fazia baixarias abomináveis. Tentava-lhe a concupiscência, promovendo bacanais no quarto do padre. O cura d’Ars resistia a tudo.

Certa manhã, o demônio foi tentá-lo na santidade. O padre rezava missa, então a missa tridentina, de costas para o povo. O demônio entrou pela igreja de Ars disfarçado em mutilado de guerra: De muletas, sem um olho e sem um braço. Gritava para o altar: “ Estou mutilado, sem perna, sem braço e sem olho, foi a guerra! Ouvi dizer que sois santo. Curai-me! “ O cura d’ars ajoelhou-se e ficou meio minuto em silêncio. O demônio deu um pulo, jogou para o alto as muletas, tirou a venda dos olhos. Berrava: - “ Estou curado! Estou curado! Milagre “

Naquele dia, todo mundo em Ars falou baixinho, pisou de mansinho: O padre era realmente um santo. E, à noite, o demônio foi gozar a caveira de sua vítima: - “ Hoje te peguei! Você está crente que é um santo, que fez um milagre! Milagre uma ova, aquele soldado era eu “

O cura d’Ars só comia batatas. Pois continuou comendo sua batata e perguntou: - “ Sabe o que pedi a Deus naquele momento? “ O diabo triunfou: - “ Pediu o milagre, ora essa! “ O santo respondeu: - “ Não. Naquele momento, ajoelhei-me e pedi a Deus: Senhor, livrai-me deste filho da puta! “

Nenhum comentário:

Postar um comentário